PARTO DOMICILIAR PLANEJADO
08/07/2020 PARTO DOMICILIAR PLANEJADOO parto domiciliar planejado (PDP) tem sido uma opção crescente entre as mulheres brasileiras nos últimos anos, mas ainda representa apenas cerca de 2% dos nascimentos totais no Brasil. Em alguns países, sua prática já está oficializada e é até incentivada pelo sistema de saúde, tais como Canadá e Austrália. Na Holanda, 40% dos partos ocorrem no domicílio e, na Inglaterra, há inclusive incentivo financeiro, estimulando mulheres com gestação saudável a terem seus filhos em casa. Em Uberlândia, ocorre PDP desde 2013, e é para esclarecer as dúvidas acerca deste tema que a PeroLar Parteria responde:
Por que nascer em casa? A Organização Mundial de Saúde reconhece que o melhor lugar para a mulher dar à luz é onde ela se sente mais segura. Para algumas mulheres, esse lugar é sua casa, onde ela é avaliada de forma respeitosa e sistemática, tem autonomia para tomar decisões sobre cada detalhe da assistência ao parto, come a comida que está acostumada, tem a companhia que deseja, usa as roupas que a deixam à vontade, o seu banheiro e ainda não precisa transitar de carro.
Não precisa de um ambiente estéril? Apenas cuidados com a higiene são suficientes no local onde acontece um parto normal. O risco de exposição a bactérias nocivas causadoras de infecções é muito maior em um ambiente hospitalar, onde, justamente por esse motivo, há maior necessidade de esterilidade. Estudos tem comprovado, cada vez mais, que o contato do recém-nascido com a flora bacteriana natural de sua mãe proporciona o desenvolvimento de um microbioma protetor contra diversas doenças, pelo acionamento de resposta imune.
Então, PDP é seguro? Para qualquer gestante? Evidências científicas comprovam que PDP é uma opção segura para gestantes de risco habitual acompanhadas por profissionais experientes. Para essas mulheres, o risco existente independe do local do parto, com a diferença de maior satisfação daquelas que tiveram a experiência em casa. Além disso, o número de intervenções sofridas pelas mulheres num PDP é menor, o que aumenta a segurança do processo, já que quanto mais intervenções (ocitocina intraparto, analgesia, episiotomia, vácuo-extrator, cesárea, entre outras), mais risco.
Como é o pré-natal? O pré-natal deve ser acompanhado criteriosamente pela equipe de PDP, com avaliação de exames e do bem-estar materno-fetal, identificando fatores que indicam se a gestante pode ou não continuar com seu plano de parto domiciliar. Gestantes com pré-natal de alto risco não podem ter PDP, tais como hipertensas e diabéticas, entre outras, assim como não pode nascer em casa um prematuro ou bebê sentado, por exemplo.
Quem presta a assistência ao parto? A equipe é composta por, no mínimo, dois profissionais com capacitação para atender ao parto de forma eficaz e segura, com habilidade inclusive em tratar emergências obstétricas e neonatais, tais como enfermeiras obstetras, obstetrizes, médicos obstetras ou de família. Há fortes recomendações para a presença de doula no parto; embora sua competência na assistência não seja técnica, ela oferece apoio contínuo físico e emocional à mulher e seu(s) acompanhante(s).
Em casa, há recurso para a dor? O uso de métodos não farmacológicos é incentivado. A grávida tem liberdade para movimentar-se, mudar de ambiente (transitar pelos cômodos, dar uma volta fora de casa), cochilar, usar seu chuveiro, uma banheira ou piscina com água morna, ouvir músicas, dançar, utilizar aromaterapia (incensos, essências), bola suíça, controlar a luminosidade e a temperatura, receber massagem, acupuntura, escalda-pés e fazer exercícios de respiração e relaxamento.
E se acontecer algum problema? Existe todo um planejamento prévio durante o pré-natal, deixando definido até mesmo um plano de transferência, caso seja necessária.
Precisa de ambulância na porta? Não. A equipe leva todo material obrigatório para uma assistência de emergência (ambu, oxigênio, soro, medicações e outros), a fim de prestar os cuidados necessários para estabilização de mãe ou bebê. Em caso de uma transferência, é feito contato com serviço de ambulância ou, em algumas situações, pode ser feita até no próprio carro da família.
Como fica o recém-nascido? Todos os cuidados necessários são dados a ele ao nascer, desde o contato pele a pele e amamentação na 1a hora, até manobras de ressuscitação neonatal, quando necessário. O bebê é pesado, medido, examinado e também tem sua caderneta infantil preenchida. A equipe ainda entrega a Declaração de Nascido Vivo, com a qual se registra o bebê no cartório.
E após o parto? A consulta com o pediatra deve ser agendada nos próximos dias para acompanhamento e puericultura. A equipe só deixa a casa quando mãe e bebê estão completamente bem e seguros, agendando visitas pós-parto para avaliações e orientações, a fim de dar o apoio imprescindível ao puerpério.